sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector

2 comentários:

José Heber de Souza Aguiar disse...

Olá. Encontrei seu blog nos indicados do
Ir. Moacir.
Gostei!
JH.

***

Sobre a loucura...


"D. SEBASTIÃO REI DE PORTUGAL
http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/mensagem.html
FERNANDO PESSOA

Louco, sim. Louco porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia.
Cadáver adiado que procria?
Cadáver adiado que procria?"

Ádria Pacheco disse...

Obrigada!